domingo, 24 de julho de 2011

Guiné-Bissau. Oposição avisa chefe de Estado para demitir PM ou será “atacado politicamente”


Os partidos da oposição da Guiné-Bissau que estão a exigir a demissão do primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior avisaram no 20.07, o Presidente guineense, Malam Bacai Sanhá, que se não exonerar o chefe do governo “será atacado politicamente. O Presidente tem de ouvir a voz da oposição democrática, 17 partidos da oposição estão a exigir que o primeiro-ministro seja demitido para que vá responder à justiça, mas se o Presidente não quer ouvir isso então será atacado ele mesmo politicamente”, disse, Serifo Baldé, líder do Partido Socialista de Salvação Guineense.
Serifo Baldé falava no comício popular realizado em Bissau no final de mais uma marcha pacífica organizada pela oposição, que tem reclamado a demissão do primeiro-ministro. Esta é a segunda marcha no espaço de uma semana. “Malam Bacai Sanhá não está a dizer a verdade aos guineenses, ele não pode estar no estrangeiro numa altura destas. Se ele não demitir Carlos Gomes Júnior seremos obrigados a atacá-lo politicamente”, afirmou, por seu lado, Sori Djaló do Partido da Renovação Social (PRS), principal força da oposição da Guiné-Bissau.
A manifestação embora tenha tido menos adesão em relação à anterior, percorreu mais artérias da capital guineense, terminando com um comício no largo do porto de Bissau.
Além dos cartazes gigantes com as imagens de dirigentes do país assassinados em 2009, entre os quais, o ex-presidente ‘Nino’ Vieira, foram visíveis os posters do primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior e do Procurador-geral da República, Amine Saad.
Tal como na primeira manifestação, a marcha não registou nenhum incidente. No entanto, a organização promete voltar às ruas de Bissau “assim que o Presidente chegar ao país”, já que Malam Bacai Sanhá se encontra de férias no estrangeiro. “Não vamos mudar de posição. Vamos continuar a marcha até que o Presidente da República demita o primeiro-ministro”, observou Sori Djaló.

PM quer "implantar neocolonialismo" e "receber instruções dos portugueses"
Por todas estas razões e a crise política, o líder interino do Partido da Renovação Social (PRS), principal força política da oposição na Guiné-Bissau, Sori Djaló, acusou o primeiro-ministro guineense de querer “implantar o neocolonialismo” no país, recebendo “instruções dos portugueses”. “Ele (primeiro-ministro) vai sempre a Portugal receber instruções dos portugueses. Ele quer implantar o neocolonialismo na Guiné-Bissau e isso nós não vamos aceitar aqui”, afirmou Sori Djaló, líder interino do partido do ex-presidente guineense, Kumba Ialá, exilado voluntariamente em Marrocos.
Os partidos da oposição acusam o primeiro-ministro de alegada cumplicidade com os assassínios de destacadas figuras políticas e militares do país em 2009, entre as quais, o ex-presidente João Bernardo ‘Nino’ Vieira.
Recorde-se que os manifestantes empunharam cartazes com a imagem do primeiro-ministro Carlos Gomes Júnior com a frase "Primeiro-ministro para o tribunal", subindo o tom nesta segunda manifestação dos partidos da oposição em menos de uma semana.
“Justiça”, “queremos justiça”,”o governo deve assumir a sua responsabilidade”, “os assassinos devem ser levados à justiça”, “abaixo os assassinos” e “viva a justiça e a democracia”, foram as palavras de ordem mais utilizadas pelos manifestantes.
Os manifestantes empunhavam também cartazes com a imagem do antigo Presidente Nino Vieira e do ex-chefe das Forças Armadas, mortos em março de 2009, e dos deputados Hélder Proença e Baciro Dabó, assassinados em junho do mesmo ano. É para estes crimes que os dez partidos da oposição querem justiça.
Num comício realizado anteriormente do PAIGC, em Bissau, o primeiro-ministro pediu para o “deixarem em paz”, sublinhando que “tem as mãos limpas”.

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