terça-feira, 26 de julho de 2011

Filho de peixe sabe nadar. As engenharias do Banco Quantum pai do Kuanza Invest


O nome e a reputação de Angola no exterior, nomeadamente na Europa, já há muito tempo que se encontra em lastimável estado de degradação, desde que rebentou o famoso caso do Angolagate, com o aparecimento em cena de três mosquiteiros surpreendentes, nas pessoas Pierre Falcone, Gaydamack e Cª Lda, unidos numa mesma luta pela sobrevivência do Partido/Estado, por força das circunstâncias e da conjuntura de belicismo que ia destruindo Angola entre 1992 e 2002.
São, na realidade, três comparsas que participam numa engenharia complicada de compra de armas para serem postas por via duma operação secreta, ao serviço das FAA a um preço que se aproxima dos 700 milhões de dólares, nos quais se incluem comissões incalculáveis, rondando, pelo menos, a centena de milhões de dólares.
A dada altura, o estrugido esturricou, o caldo entornou, Falcone foi preso por tráfico de armas, depois foi solto, mas sem anulação da condenação pela justiça francesa, entretanto Gaydamack tinha dado corda aos vitorinos e ala que se faz tarde, pôs-se a milhas, e ficou o sócio angolano a aguentar e esquivar como podia o opróbrio que tanto maculava, e ainda hoje macula, o seu excelso perfil de herói da Pátria angolana.
Várias foram as suas tentativas para influenciar a justiça francesa, assim como as ameaças petrolíferas endereçadas à Elf, companhia francesa do ramo, muitos foram os embaixadores que deram com o nariz na porta de uma justiça enigmática para certos angolanos, pois completamente independente do poder político e económico.
Justiça exótica, de que a Presidência apenas tinha ouvido falar sem acreditar muito no que lhe iam dizendo.
Como se essa empreitada não fosse o bastante para macular o bom nome de Angola, eis que um dos seus cidadãos, por sinal filho do Presidente da República, José Filomeno Sousa Santos, “Zenú”,resolve provar que também sabe nadar e mete-se a gerir capitais e a abrir, em toda a simplicidade, um banco, o Quantum, que, num repentino virar de vento, passou a chamar-se Banco do Kwanza Invest.
O que intriga a maioria dos angolanos é: com que dinheiro Zenú pôde abrir um banco, e ainda por cima, banco de milionários, topo de gama? Não se sabe e talvez seja melhor não saber, o que veio à luz, intermitente, foram as suas diversas cumplicidades, entre as quais se salienta a de Jean-Claude de Morais Bastos, um cidadão originário de Cabinda com nacionalidade suíça, através do qual Zenú foi levado a fazer parte da “Afrikanische Innovations Stiftung” (Fundação para inovação de África), com sede na Suíça e depois criou o seu próprio Banco, o “Quantum” (hoje Kwanza Invest) recrutando para si, Ernst Welteke, ex-presidente do Banco Central da Alemanha que é até à data o PCA do banco que foi criado em Angola, o Kwanza Invest.
Recentemente, o F8 publicou um artigo sobre esse banco dando conta de uma trabalho de investigação, realizado na Alemanha, que tinha já chegado à conclusão que as operações do Banco Quantum, muito se assemelhavam ao de uma lavandaria de dinheiro sujo.
Em Angola os leitores ficaram a saber da história, depois da publicação de um artigo do correspondente do F8 instalado na Alemanha. Nesse país, houve muitas reacções, por intermédio do banqueiro alemão, Ernst Welteke, o PCA do banco de Zenú recentemente criado em Angola.


PROCURADORIA SUIÇA REABRE PROCESSO
Denegações vigorosas e indignadas, pronunciadas por uma brigada constituída pelos melhores advogados teutónicos, ameaças de indemnizações milionárias arrefeceram os ânimos dos investigadores, que, pobres e sem sustento de lobbies, continuaram a pesquisar mas deixaram provisoriamente de publicar, pois não tinham folgo para correrem atrás de tanto prejuízo anunciado.
Porém, no início do mês em curso, aconteceu uma espécie de golpe de teatro inesperado, quando a Procuradoria Geral Helvética (ou Bundesanwaltschaft) confirmou o bem fundado das investigações em curso contra Zénu dos Santos e seus sócios, na Suíça, da parte do qual se suspeita prática de "lavagem de dinheiro e grande corrupção" via a famosa Fundação Inovação para a África (= Afrikanische Innovatsions-Stiftung), baseada na cidade de Zurique, tal qual foi revelado pelo jornal quotidiano gratuito "20 Minuten" na sua edição Online do dia 15 de Julho de 2011.
Segundo esse jornal, os investigadores judiciais suíços iniciaram pesquisas sobre alegadas contas secretas, atribuídas a Zénu dos Santos e seus sócios já no mês de Março de 2009 depois de terem recebido denúncias por parte de autoridades espanholas sobre diversos casos concretos de grande corrupção e de lavagem de dinheiro envolvendo altas personalidades angolanas, muitas das quais ligadas a Presidência da República e seus sócios estrangeiros nas obras de construção em Angola, entre outros casos em curso de investigação.
Perante as revelações das instâncias espanholas, as autoridades helvéticas decidiram bloquear "diversas contas bancárias dos angolanos e seus sócios na Suíça, com um bastante considerável montante de dinheiro", disse o jornal,"dinheiro proveniente de crime económico orquestrado pela dita "Fundação Inovação para a África", onde actuam diversas personalidades proeminentes helvéticas, entre outras, o Sr. Walter Fust, antigo Director de DEZA ou DDC (Direction du développement et de la coopération).
Chegados a este ponto do desenvolvimento desta trama, para espanto geral, a personagem que aparece é bem conhecida do “in circle” presidencial angolano, o senhor Walter Fust, uma individualidade de relevo que chefiou nos anos 2003-2004 a delegação helvética durante as negociações directas com o Presidente Eduardo dos Santos, sobre a possibilidade de devolução ou não dos fundos angolanos também bloqueados naquela altura pelas autoridades judiciais suíças.
Nessa altura, Walter Fust advogava a inclusão no processo negocial das forcas de sociedade civil tanto de Angola como da Suíça, mas acabou por optar por um modelo considerado secreto que muitas organizações e o próprio governo suíço criticaram como imbuídas de falta de transparência total.
E já agora, sem ser nossa intenção de pregar mais um prego no caixão da imagem da Presidência de Angola, e só para vermos até que ponto a sua reputação frisa o baixo nível, num outro processo anterior ao da devolução de fundos supracitado, a pedido do ditador militar nigeriano Sani Abacha, a Suíça mostrou-se disponível para incluir as forças da sociedade civil dos dois países na negociação, mas para Angola, o Sr. Walter Fust recusou categoricamente o pedido de certos angolanos.
Baixo nível é isso mesmo, não há nada a fazer.

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