quinta-feira, 30 de junho de 2011

Ameaças e censura contra o autor-jornalista angolano e activista dos direitos humanos


«Devido às pressões e ameaças que eu estou enfrentar neste momento, muitos amigos nossos aqui lamentam muito sobre o silencio pela parte dos activistas, particularmente de Angola.»
CENSURADO:

http://www.issa-bonn.org/publikationen/1-11matondo.htm
Portal Imprensa Brasil

Revista alemã cede e retira artigo de jornalista angolano

Redação Portal IMPRENSA
17/06/2011 19:31

O artigo Intitulado "Dinheiro sujo procura lavagem", de autoria do jornalista angolano residente na Alemanha, Emanuel Matondo, e publicado pela revista "Afrika Süd" foi retirado por pressão da diretoria do Banco Central da Alemanha (Deutsche Bundesbank), informa oZwelangola, site de notícias angolano.
Quem solicitou a retirada do artigo foi Ernst Welteke, ex-presidente da instituição financeira.
Na matéria, o periodista descrevia as atividades profissionais de Welteke, e o acusava de envolvimento com criminosos. Além disso, Matondo afirmava que o executivo aceitara a chefia do banco Quantum Angola, o que nas palavras do jornalista tinha "o objetivo de lavar dinheiro proveniente do petróleo, roubado ao povo angolano".

http://portalimprensa.uol.com.br/noticias/internacional/39594/revista+alema+cede+e+retira+artigo+de+jornalista+angolano/

Welteke manda retirar artigo de jornalista angolano na Alemanha

"Dinheiro sujo procura lavagem" é o título dum artigo do jornalista angolano residente na Alemanha, Emanuel Matondo, publicado pela revista "Afrika Süd". Agora a revista decidiu retirar o artigo cedendo a pressões.

O artigo descreve as atividades profissionais do ex-presidente do Banco Central da Alemanha (Deutsche Bundesbank), Ernst Welteke, em Angola. Ernst Welteke é acusado de se rodear de (citamos) "pessoas criminosas" e de ter aceite a chefia do banco Quantum Angola, um banco que é apresentado como sendo "banco fundado por ordens do Presidente dos Santos com o objetivo de lavar dinheiro proveniente do petróleo, roubado ao povo angolano".

Também outro jornalista, na Suiça, relatou em artigos críticos, as atividades consideradas "pouco transparentes" do ex-presidente do Bundesbank, referindo-se ao Banco Quantum Angola SA, assim como da empresa Quantum AG, na Suiça, projetos liderados por Welteke e participados por José Filomeno dos Santos "Zenu", um dos filhos do Presidente angolano.

Welteke nega tudo

Agora o ex-presidente do Bundesbank reagiu. Através dos seus advogados enviou uma carta à pequena revista "Afrika Süd", em Bona, pressionando-a a retirar o artigo de Emanuel Matondo.
A Deutsche Welle tem vindo a acompanhar este caso, pedindo esclarecimentos a todos os intervenientes. O filho do Presidente angolano Zenu dos Santos, que em Abril participou numa conferência sobre negócios com África, na cidade alemã de Frankfurt, não quiz na altura dar uma entrevista à Deutsche Welle sobre os seus negócios na Europa e os seus parceiros suiços e alemães, com destaque para o ex-presidente do banco central alemão.
Ernst Welteke preferiu – nesse dia - apresentar-se ao público em geral, como defensor da transparência e lutador contra a corrupção em Angola e no mundo. Contactado pela Deutsche Welle, Ernst Welteke, sempre se mostrou disponível, manifestando-se indignado e refutando as acusações lançadas por jornalistas contra a sua pessoa.
Welteke entregou o caso a advogados

Pressionado, passou agora ao contra-ataque e contactou um conceituado escritório alemão de advocacia. O objetivo é impedir a publicação de mais artigos críticos sobre os seus negócios em Angola e mandar apagar os que já foram publicados. Palavras de Ernst Welteke: „Na Revista Áfrika Süd, edição número 1, de Janeiro de 2011, foi publicado um artigo com o título 'Dinheiro sujo procura lavagem' e o subtítulo era 'Banco Quantum e o novo emprego de Ernst Welteke em África'. Nesse artigo são feitas várias acusações descaradas contra o Banco Quantum e contra mim pessoalmente. E nós reagimos, recorrendo a um advogado que intimou o editor da revista a distanciar-se do artigo em termos de conteúdo e também a retirá-lo da internet. Foi isso que aconteceu."

Emanuel Matondo não recua...

O autor do artigo Emanuel Matondo, nasceu em Luanda. Mas sendo antimilitarista e não querendo participar na Guerra civil angolana, abandonou o país, ainda jovem. Uma odisseia que o trouxe à Alemanha, depois de ter passado pelo Congo e Congo Brazzaville.

"Eu vou continuar a trabalhar como jornalista, eu sou autor. Estou a falar contra a injustiça num país rico onde a pobreza é extrema, onde a gente morre por falta de medicamentos, onde as crianças morrem nos corredores dos hospitais. Continuarei porque os dinheiros desviados faltam para o desenvolvimento do pais; é uma forma de roubo. Denuncio a corrupção, porque ela está a destruir mesmo a cultura angolana; porque a elite quer manter-se no poder. Esse sistema já domina o mundo financeiro de Angola".

Matondo diz ter provas suficientes do que afirma; e que por isso não retira uma vírgula do artigo que escreveu, acusando Welteke de tentativa de censura: "Depois de publicar a versäo portuguesa completa em Angola, havia ameaças de morte contra os editores de lá. Os jornalistas foram intimidados, disseram-lhe que tinham que acabar com artigos sobre corrupção. E aqui (na Alemanha) nós também nos encontramos sob ameaça dum processo. Isso é uma forma clara de censura, mas brutal…"

Matondo lança um apelo a Ernst Welteke, membro do partido social-democrata alemão (SPD) e destacado membro honorário da fundação Friedrich-Ebert, ligada ao mesmo partido: "Se ele é membro dum partido que pretende combater as injustiças no mundo, como é que pode dar apoio intelectual no sector bancário a um sistema injusto? Como pode dar apoio ao sistema financeiro despótico angolano, que é conhecido como um sistema corrupto?"

De salientar que os editores da revista alemã "Afrika Süd" retiraram o referido artigo de Emanuel Matondo da sua página na internet. Uma mera medida de precaução que não significa que eles se tenham distanciado do conteúdo, segundo os editores da revista. A revista impressa, essa, continua em circulação e os jornalistas prometem prosseguir com as investigações sobre os negócios em Angola de Ernst Welteke, o ex-presidente do banco central alemão.
Autor: António Cascais
Edição: Carlos Martins/António Rocha/Johannes Beck

http://www.dw-world.de/dw/article/0,,6550022,00.html

Um comentário:

  1. PArabens pela materia. Esta historia da Africa estar sendo vendida para o poderio economico tem que ser mais divulgada.
    Sou brasileira , residindo em Londres e se nao é uma pesquisa pessoal minha na internet, nunca ficaria sabendo de nada, poruqe nao tem imprensa mundial que fale sobre isso. tenho procurado divulgar isso no meu blog, mas sou um grao de areia perdido no mar.

    Abracos solidarios

    Ligia Costa

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